Pesquisa: 40% dos Médicos Enfrentam Doença Mental no Brasil

Dados estatísticos indicam ansiedade, depressão e burnout, e evidenciam cenário que médicos enfrentam doença mental no Brasil

À primeira vista, uma pesquisa conduzida pela Afya, hub de educação e soluções voltado à prática médica, revelou que 39,8% dos médicos brasileiros enfrentam algum tipo de transtorno mental.

O levantamento, nesse sentido, intitulado “Qualidade de vida dos médicos”, avaliou a saúde mental de profissionais de diferentes especialidades e estudantes de medicina, entre os dias 2 de julho e 6 de agosto de 2024.

Em Números: Médicos Enfrentam Doença Mental no Brasil

A pesquisa, em síntese, contou com a participação de 2.005 voluntários, e os resultados destacaram um dado preocupante: entre os médicos que enfrentam algum tipo de sofrimento mental, dois terços são mulheres. Além disso, a faixa etária de 25 a 35 anos apresenta números alarmantes, com 49,6% dos profissionais lidando com transtornos mentais.

Esses dados reforçam a importância de criar ambientes de trabalho mais saudáveis, prevenir o esgotamento e assegurar que os profissionais de saúde possam oferecer um atendimento médico de qualidade à população.

“A proposta do estudo é manter um panorama vivo e dinâmico sobre a qualidade de vida médicos e, a partir disso, incentivar a comunidade a criar soluções que deem suporte e acolhimento a este público.”

– Eduardo Moura, médico e diretor de pesquisa do Research Center da Afya

Comparativo com Época da Pandemia

Os dados, contudo, indicam uma leve melhora em relação a 2022, quando o Brasil ainda enfrentava os desafios da pandemia de Covid-19. Naquele período, por exemplo, a saúde mental dos profissionais de saúde foi intensamente discutida, evidenciando sobrecargas e ambientes de trabalho desgastantes, com turnos longos e altas demandas.

No estudo Panorama de Saúde Mental, realizado em 2022 pela Afya, apenas 30,6% dos médicos não apresentaram sintomas de depressão ao longo de suas carreiras. Para 34% dos médicos com diagnóstico atual de depressão, portanto, a doença surgiu ao longo de 2022, refletindo o impacto profundo da pandemia na saúde mental desses profissionais.

Condições Predominantes em Cenário Preocupante

Segundo a nova pesquisa, 22,1% dos profissionais de saúde já foram diagnosticados com depressão. Desses, 19,9% estão recebendo acompanhamento e tratamento especializado, enquanto 2,2% não têm nenhum tipo de suporte. Além disso, 17,1% dos médicos apresentam sintomas de depressão, mas não estão em tratamento.

A ansiedade é o transtorno mais prevalente, afetando 33,5% dos entrevistados. Desses, 27,1% estão em tratamento, enquanto 6,4% não recebem nenhum tipo de assistência, mesmo com o diagnóstico. 23,9% dos médicos relatam ter sintomas de ansiedade. As mulheres, sobretudo, são mais afetadas, com 40% apresentando o transtorno.

O burnout, síndrome relacionada ao esgotamento profissional e ao excesso de trabalho, é igualmente um fator preocupante, presente em 6,7% dos casos. Metade desses diagnósticos foi feito nos últimos 12 meses, e 2% dos médicos diagnosticados com burnout não estão recebendo cuidados especializados. No entanto, mais da metade dos entrevistados relatam já ter apresentado sintomas dessa síndrome, mesmo sem um diagnóstico formal.

Referência: Revista Galileu.