Depressão é causada por baixo nível de serotonina?
Não há dados concretos de que a depressão esteja associada a baixa atividade ou concentração de serotonina no organismo, é o que sugere o estudo britânico publicado na revista científica Molecular Psychiatry (2022).
Conforme os cientistas envolvidos no assunto, eles revelam que a teoria do desequilíbrio químico acaba influenciando na decisão de tomar ou continuar a usar remédios anti depressivos de pacientes. Porém, o resultado da pesquisa não é um aval para que tratamentos sejam cessados.
A teoria da serotonina
De acordo com a pesquisadora-chefe Joanna Moncrieff “ a teoria do desequilíbrio químico ficou popular e isso coincidiu com um enorme aumento no uso de antidepressivos”. Desse modo, ela também destacou que “muitas pessoas tomam antidepressivos pois acreditam que sua depressão é bioquímica, mas essa nova evidência coloca essa teoria em cheque”, explicou.
Mark Horowitz, coautor da análise, explicou o fato também sobre a influência de fatores externos na situação “outro aspecto interessante na revisão que fizemos foi o quão forte um efeito de eventos adversos podem ter afetado na depressão, o que podemos sugerir é que, o humor deprimido é uma resposta da vida das pessoas e não pode ser reduzida a uma simples equação química.”, explica o cientista.
Contudo, a análise da teoria serotoninérgica foi sugerida na década de 60 pela primeira vez e na década de 90 foi amplamente divulgada, como resultado, houve também o advento dos medicamentos inibidores seletivos de recaptação de serotonina. Assim, Essa droga foi feita para inibir a ação da proteína transportadora do neurotransmissor e assim possibilitar o aumento das concentrações na fenda sináptica.
Com o começo da pandemia, antidepressivos e estabilizadores de humor tiveram uma disparada em suas vendas pelo Brasil, é o que diz o levantamento do CFF (Conselho Federal de Farmácia). Nesse sentido, entre 2019 e 2020, o aumento chegou aos 17%. Semelhantemente, nos primeiros meses de 2021, ao serem comparados com os de 2020, a venda desses médicos aumentou em 13%. Os números mostram que mais de 42,9 milhões de unidades foram vendidas entre janeiro e maio do ano passado.
A pesquisa
Observando essa escalada da venda de remédios no mundo inteiro, os cientistas britânicos fizeram uma revisão do tipo “guarda chuva” nos estudos dos campos de pesquisas sobre a relação entre a serotonina e depressão. O foco, por exemplo, estava nas metanálises e revisões sistemáticas sobre a ação de receptores e transportadores de neurotransmissor, o que envolveu dezenas de milhares de pacientes.
Em conclusão, o estudo considerou que revisões com evidências consideradas moderadas ou altas não davam suporte à teoria do desequilíbrio químico. Além disso, as que indicavam relação do neurotransmissor à doença, demonstravam uma certeza baixa.
Mesmo que a análise não seja focada no efeito dos remédios antidepressivos, os pesquisadores indicam que não é necessário interromper o uso deles sem a recomendação médica. Mas ponderam que mais estudos sobre os efeitos dessas drogas no organismo e tratamentos que procurem o gerenciamento de situações traumáticas na vida das pessoas devem ser feitos. Mas indicam que os pacientes não devem ser mais informados que sua depressão é causada por baixos níveis de serotonina.
Indicação
Para o tratamento da depressão, o mais indicado é o acompanhamento psicológico e psiquiatrico simultaneamente para que a pessoa atingida tenha as melhores condições ao lidar com a doença.
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