- 13 de outubro de 2022
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Estudo inédito revela que Estimulação elétrica cerebral melhora memória de idosos saudáveis
Publicada em agosto pela revista Nature, a pesquisa identificou uma maneira para aumentar a capacidade de memória de idosos
De acordo com a OMS, cerca de um quinto da população mundial terá mais de 60 anos até 2050, cerca de 2 bilhões de pessoas. Com essa perspectiva, a preservação da capacidade cognitiva dos mais velhos é vista como prioridade. Por isso, um estudo publicado recentemente na revista Nature, feito por cientistas da Universidade de Boston, leva a crer que isso pode ser feito a médio prazo e baixo custo.
A pesquisa
O professor Robert Reinhart e sua equipe, selecionaram 60 pessoas entre 65 e 88 anos, sem doenças cerebrais que comprometesse a cognição.A pesquisa consistia em submeter essas pessoas a sessões diárias de 20 minutos, durante quatro dias consecutivos, de estimulação transcraniana de corrente alternada, ou TACS (Transcranial alternating current stimulation, em inglês).
Durante o procedimento, eletrodos foram colocados na cabeça dos participantes que receberam descargas elétricas cerebrais em voltagens diferentes. Testando dois tipos de correntes elétricas:
- Frequência lenta, ou theta, no lobo pré-frontal do cérebro (4 Hz);
- Frequência gama (60 Hz), no lobo parietal.
Enquanto os participantes do estudo memorizavam cinco listas de 20 palavras, a neuroestimulação estava sendo realizada e, em seguida, tentavam se lembrar das palavras. O mesmo teste foi realizado um mês depois. Os dados mostrados pela equipe revelam que a memória imediata e de longo prazo melhoraram após a experiência. Além disso, os benefícios foram mais perceptíveis entre aqueles que estavam apresentando a maior diminuição da capacidade de memorização.
Buscando um efeito duradouro
As intervenções geralmente buscam não apenas gerar um efeito transitório, mas também torná-lo permanente, de forma duradoura. É por esse motivo que os outros pesquisadores repetiram por quatro dias o procedimento para consolidar se o ganho de memória era longo ou não. Além dos testes após um mês para confirmar as hipóteses.
A memória imediata, ou de trabalho, é um componente cognitivo que permite armazenar temporariamente informações e manipulá-las. Bem como utilizar no momento oportuno na tomada de decisão ou construção de argumentos e hipóteses. Por isso, considera-se um elemento essencial nos testes de inteligência, por exemplo.
Os cientistas demonstraram que a estimulação do lobo parietal, com uma baixa frequência de 4 Hz, melhora de forma específica a memória do trabalho. Ao passo que, ao aplicar a alta frequência de 60 Hz no lobo pré-frontal melhorou a memória a longo prazo. Porém, quando a pesquisa inverteu as correntes nas duas áreas, o estudo constatou que nada ocorria. O grande ponto forte da pesquisa está no fato de que os pesquisadores modularam a memória de pessoas idosas e saudáveis.
Técnica não é nova
Técnicas de estimulação não-invasivas já existem em diferentes versões, há 25 anos a primeira surgiu . Entretanto, a técnica utilizada no estudo é uma das mais recentes, sua característica mais marcante é a corrente elétrica que produz uma oscilação, gerando ondas de eletricidade.
Pesquisas que iniciaram-se nos anos 70, e se desenvolveram ao longo das décadas seguintes, mostraram que era possível ativar ou facilitar algumas funções cognitivas com frequências elétricas.
A estimulação transcraniana de corrente alternada tem a vantagem por se tratar de um aparelho pequeno, que pode ser usado com facilidade e até mesmo controlado por um telefone celular. Porém, existe uma falha no estudo que está relacionada aos limites da tecnologia disponível: faltam evidências de como essa oscilação de corrente elétrica alternada realmente atinge esses neurônios.
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