Estudo: Existe Atividade no Cérebro Após a Morte?

Equipe de cientistas realizaram testes no Canadá para avaliar de perto se há atividade no cérebro após a morte. Veja a descoberta!

A questão sobre o que acontece no cérebro após a morte sempre desperta curiosidade e gera diversas especulações. Será que o cérebro ainda mantém alguma atividade depois que o coração para de bater? Esse é um mistério que muitos tentam entender, e as respostas podem ser mais surpreendentes do que imaginamos.

Nesse sentido, neurocientistas estavam avaliando as convulsões de um paciente de 87 anos com epilepsia, quando o idoso sofreu um ataque cardíaco e faleceu. Esse evento inesperado, então, proporcionou uma oportunidade única para estudar, pela primeira vez, como o cérebro reage no momento da morte.

Essa pesquisa inédita foi publicada na revista Frontiers in Aging Neuroscience, e revelou descobertas intrigantes sobre a atividade cerebral pós-morte. Confira!

Há Registro de Atividade no Cérebro Após a Morte?

Os pesquisadores, em suma, identificaram padrões rítmicos de ondas cerebrais no momento da morte, semelhantes aos registrados durante o sono, a recordação de memórias ou meditação. Logo, essa descoberta reforça a hipótese de que, nos instantes finais, o cérebro pode de fato resgatar lembranças de vida.

Nesse meio tempo, o estudo, conduzido por cientistas de diferentes instituições globais, utilizou eletroencefalografia contínua (EEG) para monitorar a atividade cerebral de um paciente.

Assim, eles analisaram 900 segundos de registros, focando especialmente nos 30 segundos que antecederam e sucederam a parada cardíaca, revelando detalhes inéditos sobre o comportamento do cérebro nesse momento crítico.

“Pouco antes e depois que o coração parou de funcionar, vimos mudanças em uma faixa específica de oscilações neurais, as chamadas oscilações gama, mas também em outras, como oscilações delta, teta, alfa e beta”
– Ajmal Zemmar, neurocirurgião da Universidade de Louisville, nos EUA

Diferentes Tipos de Oscilações

O caso do idoso revelou que o cérebro humano pode continuar ativo e coordenado durante e até mesmo após a transição para a morte. Acima de tudo, o mais intrigante é que as oscilações cerebrais, comuns em cérebros vivos, desempenham diferentes funções.

As ondas gama, por exemplo, estão associadas a processos cognitivos como sonhos, flashbacks, recuperação de memórias, percepção consciente e meditação. Isso sugere que o cérebro mantém um nível significativo de atividade mesmo nos últimos instantes.

“Através da geração de oscilações envolvidas na recuperação da memória, o cérebro pode estar reproduzindo uma última lembrança de eventos importantes da vida pouco antes de morrermos, semelhantes aos relatados em experiências de quase morte”, aponta Zemmar.

Memórias e Emoções na Hora Final

O pesquisador afirma ainda que as descobertas desafiam nossa compreensão sobre o momento exato em que a vida termina. Oscilações gama, anteriormente registradas em ratos, indicam que o cérebro pode apresentar uma atividade semelhante após a morte em diferentes espécies.

Contudo, o estudo analisou apenas um paciente, cujo cérebro apresentava lesões, convulsões e inchaço, fatores que dificultam a interpretação dos dados. Zemmar pretende aprofundar a investigação em casos semelhantes.

Mesmo com essas limitações, o médico vê os resultados de forma otimista. “Algo que podemos aprender com esta pesquisa é: embora nossos entes queridos tenham os olhos fechados e estejam prontos para nos deixar, seus cérebros podem estar revivendo alguns dos melhores momentos que vivenciaram em suas vidas”.

Referência: Frontiers in Aging Neuroscience.