Tratamento da Hipertensão pode Proteger Contra Demência; Veja!

Descubra como uma pesquisa realizada com brasileiros e pessoas idosas comprova que tratamento da hipertensão pode proteger contra demência

Idosos que seguem o tratamento medicamentoso para hipertensão apresentam menor risco de desenvolver demência, em comparação àqueles que não recebem tratamento. Essa conclusão foi então obtida a partir de uma análise de 17 estudos populacionais, que envolveu 34.519 participantes em 15 países, conduzida pelos cientistas do Cohort Studies of Memory in an International Consortium (Cosmic).

O estudo populacional São Paulo Ageing & Health Study (SPAH), realizado pelo Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), também foi parte da pesquisa. Logo, os resultados apontaram que 26,3% dos pacientes acima de 65 anos não estavam tratando a hipertensão.

Pesquisa diz: Tratamento da Hipertensão pode Proteger contra Demência

De acordo com os estudos analisados, a maioria dos participantes era composta por mulheres, representando 58,4% do total. A idade média dos participantes foi de 72,5 anos. “As pessoas analisadas foram divididas em três grupos: 35,5% eram saudáveis, 50,3% tinham hipertensão e recebiam tratamento, 9,8% não se tratavam e 4,4% tinham diagnóstico inconclusivo”, explica Marcia Scazufca, uma das realizadoras da pesquisa.

A pesquisa destaca igualmente que idosos com hipertensão que não faziam uso de medicações anti-hipertensivas apresentaram um risco cerca de 42% maior de desenvolver demência em comparação com aqueles que recebiam tratamento adequado para a hipertensão. Em síntese, esse aumento de risco foi observado em participantes com 60 anos ou mais.

Logo, o estudo envolveu 2.072 pessoas com 65 anos ou mais, residentes em áreas de baixa renda na região oeste de São Paulo. Dentre os participantes, 60,6% eram mulheres, aproximadamente 70% tinham entre 65 e 74 anos, metade possuía uma renda de até um e meio salário mínimo e 90% tinham até três anos de escolaridade.

“O critério para a análise foi não ter demência na inclusão do estudo e ter diagnóstico confiável de hipertensão. A avaliação de demência foi realizada pelo menos duas vezes, no começo e no seguimento do estudo, em média 4,4 anos após a análise inicial.”

Marcia Scazufca

Pesquisadora do IPq e uma das integrantes do grupo que elaborou o artigo

Prevenção da Demência Começa com o Controle da Hipertensão

A hipertensão afetou 80,4% dos idosos analisados, e entre esses, aproximadamente três quartos estavam fazendo uso de medicação anti-hipertensiva. No entanto, cerca de um quarto dos idosos com hipertensão não recebia tratamento.

A pesquisadora, nesse sentido, aponta que a falta de tratamento é um dos muitos fatores ao longo da vida que contribuem para o aumento do risco de desenvolvimento de demência.

A demência é uma condição crônica progressiva, para a qual ainda não há cura. A melhor forma de prevenção é controlar os fatores de risco que podem contribuir para seu desenvolvimento. “Apesar de uma minoria dos participantes do SPAH (26,3%) não estarem recebendo tratamento para hipertensão, eles estavam mais expostos a um fator de risco que poderia ser prevenido”, salienta Marcia.

“A principal mensagem deste artigo é que o tratamento da hipertensão é importante para a prevenção da demência em todas as fases da vida”, conclui a pesquisadora do IPq.
– Marcia Scazufca

Referência: Jornal USP.