Nova Tecnologia Antecipa Sintomas de Lesões na Retina; Veja!

Tema de estudo brasileiro, conheça o equipamento capaz de detectar sintomas de lesões na retina de forma antecipada

 

O uso prolongado da hidroxicloroquina, medicamento indicado para tratar doenças autoimunes pode gerar danos na retina que surgem de forma silenciosa, demorando a apresentar sintomas perceptíveis. Além disso, essas alterações costumam passar despercebidas pelos exames oftalmológicos convencionais, tornando a detecção precoce um grande desafio para pacientes e médicos.

Um estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP mostrou avanços promissores ao utilizar uma tecnologia ainda pouco conhecida no Brasil — a ótica adaptativa. Em síntese, essa abordagem inovadora permite observar alterações celulares iniciais na retina. Assim, pode-se antecipar sinais que só seriam detectados em fases mais avançadas da lesão.

Como é Possível Prever Sintomas de Lesões na Retina?

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A pesquisa, liderada pelo oftalmologista João Pedro Romero Braga, analisou mulheres em uso prolongado de hidroxicloroquina que não apresentavam sinais clínicos ou alterações de visão detectáveis pelos exames considerados padrão-ouro. No entanto, a ótica adaptativa revelou problemas sutis. Isso inclui alterações na organização dos cones da retina, células fotossensíveis essenciais para a percepção de cores e detalhes, por exemplo.

O equipamento de óptica adaptativa, sobretudo, é o único em operação na América Latina e possui tecnologia capaz de corrigir as aberrações ópticas do olho humano. Logo, é possível gerar imagens da retina com resolução comparável à de cortes histológicos. Estes, semelhantes aos utilizados em análises microscópicas detalhadas.

Apesar do investimento elevado e da necessidade de médicos especializados, a ótica adaptativa apresenta grande potencial na oftalmologia. Da mesma forma, o pesquisador destaca, inclusive, que já existem estudos aplicando a técnica em pacientes com diabetes e distrofias hereditárias.

“Estudos maiores ainda precisam ser feitos, mas acreditamos que um estudo prospectivo seria fundamental para que essa tecnologia seja incorporada às diretrizes oficiais.”

Mais Detalhes sobre a Condução de Pesquisa

O estudo incluiu 18 mulheres em uso prolongado de hidroxicloroquina, com dose acumulada superior a 1.600g, que não apresentavam sinais de retinopatia nos exames tradicionais. Elas foram comparadas a 18 mulheres saudáveis, sem histórico de uso do medicamento.

Eventualmente, todas passaram por uma avaliação oftalmológica completa, incluindo mensuração da acuidade visual, comprimento axial dos olhos, refração e dilatação da pupila para uma análise detalhada da saúde ocular. As imagens obtidas por meio da ótica adaptativa foram registradas em dois pontos específicos da retina. Eles foram escolhidos por serem os primeiros a apresentar sinais de dano na retinopatia induzida pela hidroxicloroquina.

Os resultados mostraram uma densidade significativamente menor e um espaçamento maior entre os cones na retina de usuárias da hidroxicloroquina, mesmo na ausência de sintomas clínicos ou alterações detectáveis nos exames de rotina”, evidencia o pesquisador.

Apoio Centrado aos Médicos

Ainda não há evidências de que os danos detectados pela ótica adaptativa possam ser revertidos. Do contrário, segundo o pesquisador, a toxicidade da hidroxicloroquina pode continuar a progredir mesmo após a interrupção do tratamento. Isso reforça a importância do diagnóstico precoce para proteger a visão e planejar intervenções adequadas.

Este estudo, então, é o primeiro caso-controle a utilizar a óptica adaptativa na comparação direta entre usuárias de hidroxicloroquina e participantes saudáveis, representando um marco metodológico na oftalmologia. Apesar dos avanços, a incorporação dessa tecnologia aos protocolos clínicos ainda depende de novos estudos e melhorias na acessibilidade, treinamento e custo dos equipamentos.

Referência: Jornal da USP.


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