Uso Excessivo de Tela pode Reduzir Massa Cerebral?

De acordo com estudos, o uso excessivo de tela pode reduzir massa cerebral, enfatizando uma preocupação global com esse fenômeno

O termo “cérebro podre” ou “podridão cerebral”, sobretudo, pode ter um significado mais literal do que se imagina. Escolhida como a palavra do ano de 2024 pelo Dicionário Oxford, a expressão descreve a deterioração cognitiva resultante do consumo excessivo de conteúdo superficial, principalmente na internet, segundo definição da Oxford University Press.

Além disso, pesquisas citadas pelo jornal britânico The Guardian apontam que o uso excessivo das redes sociais e a exposição contínua a conteúdos de baixa qualidade – bem como notícias sensacionalistas, teorias da conspiração e entretenimento raso – podem reduzir a massa cinzenta do cérebro, comprometer a atenção e enfraquecer a memória.

Como o Uso Excessivo de Tela pode Reduzir Massa Cerebral?

O jornal El País destacou recentemente um estudo da Universidade de Londres, publicado originalmente pelo The Guardian em 2005, que revelou uma queda média de dez pontos no QI de participantes que usavam e-mail e telefone celular diariamente. A pesquisa, em síntese, foi baseada em 80 testes clínicos e reforça a preocupação com o impacto das tecnologias na cognição.

Os aplicativos modernos são projetados para prender a atenção dos usuários, explorando a tendência natural do cérebro de buscar novidades, principalmente informações alarmantes – um comportamento que, segundo Michoel Moshel, pesquisador da Universidade Macquarie, teve um papel crucial na sobrevivência humana.

Nesse sentido, dados de 2021 da ONG americana Common Sense Media, citados pelo The Conversation, indicam que pré-adolescentes passam em média 5 horas e 33 minutos por dia diante das telas, enquanto adolescentes chegam a 8 horas e 39 minutos.

Por Que isso Gera um Sinal de Alerta à Saúde Cerebral?

Uma meta-análise que examinou 27 estudos de neuroimagem identificou que o uso excessivo da internet está relacionado à redução do volume de massa cinzenta em áreas cerebrais essenciais para o processamento de recompensas, controle de impulsos e tomada de decisões. Segundo Moshel, essas mudanças são comparáveis às observadas em dependentes de substâncias como álcool e metanfetaminas.

O impacto do “uso desordenado de tela” tem sido igualmente analisado no contexto educacional. Um artigo publicado no The Conversation, do qual Moshel é coautor, cita uma meta-análise de 34 estudos que associam o uso compulsivo de dispositivos digitais a um desempenho cognitivo significativamente menor.

Já uma pesquisa da organização australiana Beyond Blue, divulgada pela emissora americana ABC, aponta que o tempo excessivo de tela é um dos maiores desafios para os jovens, ficando atrás apenas dos problemas de saúde mental.

Qual a Solução?

Para combater os impactos negativos do uso excessivo de telas, especialistas recomendam focar tanto na qualidade quanto na quantidade do tempo de exposição. Estabelecer limites claros e se desconectar de forma consciente são passos fundamentais. Atividades presenciais, bem como esportes e encontros sociais, ajudam a equilibrar os efeitos prejudiciais do tempo prolongado diante das telas.

Da mesma forma, priorizar conteúdos educativos e evitar aqueles com características viciantes também faz diferença. Por último, inserir pausas regulares no uso de dispositivos contribui para preservar a saúde cognitiva.

No entanto, a responsabilidade não recai apenas sobre o indivíduo. Com as empresas de tecnologia projetando algoritmos para maximizar o engajamento, torna-se essencial implementar políticas públicas que promovam transparência e incentivem a educação digital crítica.

Referência: G1 Globo.